Ah, o amor… Se tem uma coisa curiosa sobre eu e o Adriano é como a gente se conheceu, como a gente veio parar em Portugal tão rápido tendo se conhecido há tão pouco tempo. A gente se conheceu através de um aplicativo de relacionamento. Bem, mais ou menos.
“A gente ter se ajudado nesse período tão difícil moldou um relacionamento cada vez mais forte e sólido.“
Rafaela Sanzi
Vamos começar pelo início.
Eu decidi que eu quero morar na Europa!
Final de 2017, eu fiz uma viagem e fiquei 21 dias aqui na Europa, na Espanha em Londres para tomar a decisão se eu queria mesmo vir para cá de vez. Voltei para Porto Alegre dia 4 de janeiro decidida: eu vou, eu vou, eu vou. Daqui 12 meses eu vou morar na Europa. Só que eu já tinha tido um ‘trauminha’ de ter tentado fazer um intercâmbio e fracassado. Então, eu sabia assim que ia ser bem difícil concretizar o meu sonho, meu plano se eu fosse sozinha. Ou seja, eu inclui no meu plano de morar na Europa uma pessoa que não existia ainda!
Uma pessoa que não existia, um amor, que eu tinha que encontrar pra ir comigo para Europa. Porque eu sabia que me a chance de sucesso seria muito maior se eu levasse alguém comigo.
Em busca de um amor
Então, eu saí a busca, meio desesperada, uma busca insana. Comecei em janeiro de 2017 cadastrei nos app (aplicativo) de relacionamento, comecei a série de dates (encontros), avaliando os candidatos e me apresentando como candidata, obviamente. Aquela seleção dupla, que nem selecionar um emprego, a gente está selecionando o empregador e o empregador está nos selecionando. Pelo menos eu via daquela forma.
Como eu sou super administradora, né?! Eu tinha prazos e eu tinha metas e eu tinha que encontrar alguém. Não era só encontrar alguém, encontrar alguém que fosse compatível comigo, que gostasse das mesmas coisas que eu, que encarasse o meu plano, que essa era a parte mais difícil. Então, conheci várias pessoas e como é que eu cheguei no Adriano? Eu conheci, na verdade, um melhor amigo dele… Através do aplicativo, do Happn, e o amigo dele quando foi me encontrar levou o Adriano junto.
Gente, não faça isso. Eu conheci o Adriano rapidamente porque o Adriano foi embora no início do encontro.
Muito educado trocamos algumas palavras sobre o livro que ele tava lendo. Mas foi um link ali entre nós, falso, porque o Adriano não lê livros, mas que né foi o primeiro link de conversa. E até tem uma música sobre isso. Eu tive alguns encontros com esse amigo e no final não deu certo e conhecendo o Adriano, a gente se conectou através do Instagram, aí começamos a bater papo, através do Direct do Instagram. Então o aplicativo foi a ponte, mas não foi direta né foi indireta.
O Amor Aconteceu Naturalmente
Aí a gente começou a conversar, a gente se encontrou, começou a falar papos bacanas entre nós e gente gostou. E foi uma coisa bem natural, assim, não foi a gente se encontrou e foi uma paixão fulminante, um amor que a gente não conseguia mais parar de se ver, não via a hora do próximo encontro.
Foi uma coisa que totalmente despretensiosa. E talvez nunca tenha acontecido comigo isso, porque eu sou muito pelo menos era, né… Quando eu conhecia alguém era paixonite e grudava e talvez por isso que vários não deram certo. Enfim, mas naturalmente aconteceu isso comigo e com o Adriano de desenrolar algo natural e num tempo diferente.
Só que ao mesmo tempo que foi, assim, não fulminante, as coisas aconteceram muito rápido. Mas aí eu apresentei o grande plano para o Adriano!
Eu fui muito racional no meu plano de vir para Europa, tava tudo catalogado: tinha os critérios tinha a planilha financeira, tinha a planilha dos candidatos. (Não tinha planilha). Tinha todo um timing (tempo) que eu tinha que obedecer para aumentar as chances daquilo dá certo, né. Então eu tinha um ano para desenvolver um relacionamento para poder levar essa pessoa junto para me suportar nessa viagem e fazer com que o plano desse certo. Nossa que maquiavélico. voltando né.
A gente desenvolveu um relacionamento bem rápido de nos conhecermos em janeiro, começamos a paquerar e namorar fevereiro, março… 26 de Fevereiro foi a primeira vez que a gente ficou. E a gente não sabe quando a gente começou a namorar.
Março ou Maio a gente já tava namorando e em julho – 04 de Julho – a gente foi morar junto
Foi tudo muito rápido. Claro, tinha que ser, né. Então a gente fez um test-drive de morar junto em Julho. Então tinha uma amiga que tava sublocando o apartamento dela porque ela tava alugando um outro apartamento. E tinha uma oportunidade para eu alugar durante menos tempo do que um ano. E aí o Adriano se convidou para morar comigo, eu fiquei meio apavorada na verdade.
À caminho de Portugal
As passagens foram compradas em outubro para irmos para Portugal em janeiro. Então três meses depois que a gente foi morar junto, a gente comprou as passagens. Então decidindo de fato vir.
Chegamos aqui ainda com um relacionamento, oito meses de relacionamento, e com um relacionamento ainda um pouco inicial, para uma virada, uma mudança de país, que traz muitas dificuldades.
Então, foi um passo arriscado. E aí vem aquele negócio, assim.. Teve muitas dificuldades, principalmente por causa da nossa mudança para Portugal, ao mesmo tempo que a gente amadurecia o relacionamento, a gente teve que lidar com problemas bem grandes nessa mudança para Portugal.
O que a gente contou no outro artigo, de viver com 500 euros, de ter bastante escassez, de ter um desespero por ter que arranjar um emprego, por a nossa proposta tá acabando.
O início, o primeiro ano foi aquela coisa… Será que a gente vai conseguir ficar aqui?? Foi um pouquinho de sorte aquela coisa de se encontrar por acaso num date (encontro) e que não era nosso. E foi uma construção no primeiro ano que a gente tava aqui, a gente falava assim, “nós não tem tempo para ficar tendo DR” (discutindo o relacionamento) a gente tem um bilhão de coisas para fazer, conta para pagar, se virar, objetivos para cumprir.
Senão a gente vai voltar para casa com uma mão na frente e outra atrás. Então foi tipo uma relação de parceria ao mesmo tempo que um namoro e ao mesmo tempo que uma sociedade desse plano. Não ficar fazendo draminha, tempestade num copo d’água, porque não gostou do que o outro disse… Qualquer coisa assim, que estraga os relacionamentos, realmente. Eu acho que nos ajudou muito de ter uma coisa mais importante acontecendo em primeiro plano. Então, a gente foi muito maduro nesse período, aí. E o nosso relacionamento foi construindo assim: uma dose de racionalidade do plano, com uma dose de intuição e emoção. Embora o Adriano tem entrado como candidato extra aí na minha seleção.
Relação de amor, compromisso e organização.
Isso foi muito bom. Isso foi essencial para nossa sobrevivência, se vira, faz o que for preciso trabalha no que for preciso, estragou alguma coisa em casa, também se vira, super criativo para fazer as coisas funcionarem. Então a gente acabou casando em 2020 (10 de fevereiro), pouquinho antes da pandemia, 3 anos depois de a gente conhecer 2 anos depois da gente chegar em Portugal, a gente casou aqui no consulado brasileiro em Lisboa.
E estamos em vias de fazer oficialização união de fato aqui em Portugal para também ajudar naquela dupla fiscalidade que a gente tem, aquela dupla vida e essa foi um pouquinho da nossa
Maratona: amor – migração – relacionamento – parceria – sociedade.
Nossa! É uma relação multivariada e multipotencial.
O Adriano foi se adaptando, foi se adaptando, teve dificuldade (muita), mas não ficou com medo daquela dificuldade, foi adiante mesmo com dificuldade. Não desistiu. Acho isso é uma característica maravilhosa que ele tem. Não desistir fácil do relacionamento, do trabalho e dessa migração que a gente fez.
A persistência dele acho que foi um elemento fundamental nessa receita que deu certo do nosso grande plano de morar na Europa.
Então, vamos ficando por aqui, neste artigo eu trouxe um pouquinho da nossa história e da nossa experiência para dizer que isso não foi um conto de fadas e que existe formas diferentes de se relacionar também. É preciso desromantizar essa questão de mudar de país juntos.