Este é o artigo onde eu registrei todos os acontecimentos marcantes e aprendizados do meu 1 Ano em Portugal. Espere encontrar aqui uma sinceridade brutal e muitas emoções. Tenha em conta que este é um relato de uma experiência particular e única (a minha), por isso, as situações descritas neste artigo não retratam a média, nem a maioria das experiências. Leia e use com cautela.

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1 Ano em Portugal: a tempestade (2018)

O primeiro ano em Portugal soou como um verão com clima instável. Dias lindos de Sol seguidos de dias chuvosos e com tempestades horríveis. Tudo era novidade: novo idioma, nova cultura. Nos primeiros meses eu senti um grande encantamento por esse novo mundo, apesar de ter uma grande  dificuldade de me comunicar com portugueses. 

Em termos profissionais, eu trouxe para cá parte dos vínculos do Brasil. Isso foi muito inteligente, não só da minha parte, mas dos meus antigos chefes. Durante pelo menos 6 meses eu permaneci como consultora autônoma da empresa em que trabalhava, mantendo, assim, alguns projetos e alguma remuneração. Entretanto, em pouco tempo a distância se mostrou uma barreira importante e o vínculo de esvaiu palidamente.

Os maiores desafios dos primeiros meses foi colocar os primeiros tijolos da nova vida: procurar casa para alugar, descobrir como funcionam as burocracias, fazer o registro civil, abrir conta em banco, saber como se transfere dinheiro do Brasil a baixas taxas, conseguir a autorização de residência e iniciar atividade econômica como autônoma. Toda essa burocracia levou em torno de 6 meses. 

Os primeiros passos: Chegando em Portugal

Depois do básico do básico ter sido resolvido, termos um teto e um status de cidadão, eu parti em busca de construir novos laços que ajudassem a me estabelecer profissionalmente. Nesse período, passamos dificuldades financeiras porque a nossa poupança estáva terminando e ainda tínhamos um emprego aqui. Descobrimos que as oportunidades de emprego (qualificado e não qualificados) não são muitas. Chegamos à beira do desespero, as nossas exigências para o que aceitávamos de emprego foram baixando, baixando e baixando… A única solução foi pedimos ajuda para nossos pais no Brasil, até conseguirmos alguma fonte de sustento em euros. 

Desde antes de vir, eu sabia o quanto era importante eu empreender no meio digital, mas não tinha muita clareza de como exatamente eu faria isso. Então, eu fiz várias tentativas diferentes. Eu investi em parcerias e indicações de contatos aqui em Portugal, trabalhei de graça para uma agência durante meses. Insisti durante quase um ano ainda em uma parceria que iniciou no Brasil, lançando cursos online, que também resultaram em zero resultado financeiro. Investi no melhor curso online de marketing digital de lançamento, sem a certeza de como rentabilizar o investimento.

A vontade de dar certo era tão grande quanto a insegurança que eu sentia. Foi o ano mais melancólico que eu já vivi, ao mesmo tempo, o ano que eu mais escrevi. Escrever as minhas emoções era a minha válvula de escape para não sucumbir. O engajamento no Instagram foi lá em cima, a audiência estava sedenta para saber como eu daria a volta aos desafios da migração. 

Fazendo Mestrado em Portugal

No último trimestre do primeiro ano em Portugal iniciou-se meu mestrado na Universidade Nova de Lisboa. Tanta coisa já tinha passado e tanta coisa ainda estava por vir. Senti-me aliviada por  ter passado por tantos desafios e superado-os antes de iniciar o mestrado. Nova etapa, cheia de idas e vindas, trem Entroncamento-Lisboa-Entroncamento. 

O mestrado de Estudos sobre Mulheres ativou o meu monstrinho que estava cheio de fome por conhecimento, especialmente esse conhecimento sobre a história das mulheres e o movimento feminista. Foi uma sensação incrível entrar na universidade Nova de Lisboa como aluna. Por um lado eu me senti um pouquinho parte dessa sociedade e importante, por outro eu me senti motivada, sedenta por aprender e ansiosa do que fazer com tudo isso.

Criando uma STARTUP e participando de uma Incubadora de Empresas

Eu aproveitei que a minha mente estava super desperta para às questões femininas e coloquei-me a pensar como o meu trabalho, o que eu sei, poderia ser um veículo de mudança social. Assim, nasceu o embrião da Mulheres de Alma Empreendedora. Em conjunto com a minha irmã, foram desenhados rascunhos de projetos, rascunhos de persona, objetivos, propósito, planejamento do que viria a ser uma empresa em 2019 (2º ano).

Peguei nesse embrião de empresa que tínhamos construído e apresentei como ideia na incubadora de Startups de Torres Novas (Santarém/Portugal). Chamei esse projeto de Biblioteca Mágica. Preparei um pitch incrível! É claro que minha ideia foi aprovada para ser incubada. Fiquei tão feliz, porque agora eu teria apoio de mentores de negócios portugueses para transformar essa ideia em uma empresa de verdade: meu futuro, meu sustento, meu crescimento.

Buscando um Emprego Qualificado em Portugal

O dinheiro ficou mais apertado agora que tinha que pagar a mensalidade do mestrado e o deslocamento. Voltei a procurar, sem esperança, empregos na área do marketing e inovação. 

Inscrevi-me para 40 vagas de marketing digital em empresas de Portugal, senti-me com uma grande sorte quando me chamaram para duas entrevistas. Por ironia do destino ambas entrevistas eram com empreendedores brasileiros que estavam estabelecendo suas empresas em Portugal, mas ainda em fase inicial. NENHUMA entrevista com portugueses. Engraçado né? Eu achando que tinha um super currículo, até carta de recomendação da gerente de inovação da Coca-Cola Brasil eu tinha… Bom parece que eu estava enganada, não tinha um bom currículo, ou ser brasileira me impedia de acessar empregos para os quais eu era qualificada.

Embora eu tenha ficado super frustrada com essa tentativa, eu já sabia que não era nada fácil entrar no mercado como empregada, por isso eu tinha evitado ao máximo essa tentativa. Entretanto eu fui “contratada” por uma dessas empresas de brasileiros, fazendo home-office. Digo contratada entre aspas porque não houve contrato nenhum, foi informal e não havia intenção de formalizar.

Para minha situação de migrante nova no país era complicado ter um rendimento não declarado. Fiquei nesse trabalho 1 mês, pois é, apenas 1 mês e fui “desligada”. Por quê? Vamos resumir o motivo em “não rolou química”. Além do job ser um pouco ao lado da minha especialidade, ainda era abaixo da minha capacidade.

Todos sabemos onde isso ia levar… Eu ia acabar cedo ou tarde desmotivando, porque o trabalho não apresentava-me desafios. Além disso, eu não iria ficar em um trabalho sem nenhuma formalização, nem mesmo um recibo de autônoma eu podia emitir. Meu único emprego nesses 3 anos em Portugal pode ser classificado como: informal e sem futuro.

Comprando o primeiro Carro em Portugal 

Pelo menos esse pseudo emprego nos ajudou, juntando com os salários do Adriano a comprar nosso primeiro carro (e único até agora). Oh, Glória!!!

Chega de carregar botijão de gás nas costas… sacolas e mais sacolas de compras a pé… levar a roupa suja à lavanderia e depois voltar com a roupa molhada (muito mais pesada) a pé… ir de ônibus para a cidade da Startup Torres Novas…

O carro foi realmente uma conquista que deu gosto. Por isso, ficamos muito orgulhosos.

Mas só conseguimos comprar o carro graças às boas relações que o Adriano tinha na cidade. Demos uma entrada e parcelamos o restante em 4 vezes, só na palavra, porque não tínhamos como ter financiamento bancário.

Ser imigrante é desafiador!

1 Ano em Portugal: O Primeiro Natal sem a Família

Chegamos em dezembro, nosso primeiro ano em Portugal, tão bem ou melhor do que imaginamos ser possível. Vencemos por não voltar ao Brasil. Além disso, conseguimos alugar casa, arranjamos empregos (mais válido para o Adriano que seguia empregado) e compramos o nosso primeiro carro por aqui.

No final de 1 ano em Portugal estávamos cansados, porém felizes. Passamos o Natal em família, uma nova família, nos reunimos com brasileiros que vivem na mesma região que nós e foi uma linda ceia.

Continue lendo… 2 Anos em Portugal: a tempestade (2019)

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